terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A Batalha das Toninhas



Bem, já é a segunda vez que recebo um email com um vídeo de um professor de cursinho ou sei lá o quê falando da Batalha das Toninhas. O cara faz várias piadas e tal, é um verdadeiro comediante (nem tão bom assim) como a maioria dos professores de cursinho.


Claro, a maioria de nós já teve um professor parecido, ótimo em transmitir as idéias e teatralmente divertido, mas o problema é quando essas informações são tendenciosas, ou nos entregam uma verdade pronta, para que por qualquer motivo não pensemos adequadamente.


Realmente, a participação do Brasil nesta guerra foi módica, mas faltam alguns pontos a explicar:


1 - O incidente do qual o vídeo se trata (Batalha das Toninhas) realmente aconteceu, na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O Brasil mal era país e pouco tempo antes do ocorrido, havia criado às pressas a Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG).


2 - O Brasil foi chamado até Cabo Verde porque duas canhoneiras inglesas não patrulhavam adequadamente o local. Ora... a Inglaterra já era país há "um tempinho", e ainda assim precisava de nossa ajuda? O Brasil vivia exclusivamente da exportação do café e não tinha nem 100 anos...


3 - Outra incoerência: O professor diz: "Resolvemos dar um pulo no sul da Espanha, o único lugar que você não podia ir no cosmos era no sul da Espanha... Por quê? Por que lá tinha uma epidemia de gripe... gripe espanhola. Mas a gente foi pra ver como é que era essa tal gripe." Ele praticamente afirma "burrice" como explicação para termos contraído o vírus da gripe espanhola.


Primeiro: Onde fica o Estreito de Gibraltar? No Canadá? Claro que não, obviamente fica no sul da Espanha e do outro lado, o Marrocos.


Segundo: O Brasil se dirigiu ao Estreito de Gibraltar por ordens dos ingleses, após limpar a cagada que estes fizeram nas triangulações marítimas em Cabo Verde. E nem foi lá que contrairam o vírus, pois enquanto resolviam a incompetência inglesa nas ilhas de Cabo Verde, foram bombardeados e tiveram que parar em SERRA LEOA - e lá sim tiveram contato com a gripe. Somente depois, por ordem inglesa, os brasileiros foram a Gibraltar, e essa é uma coisa que o professor tenta confundir, dando a entender que nós desobedecemos a ordem inglesa e por isso pegamos gripe espanhola. Negativo. No cumprimento da ordem, pegamos gripe espanhola e DEPOIS disso recebemos nova ordem para se dirigir ao Estreito de Gibraltar.


4 - Como não contar a Missão Médica em Marselha? Isso não é participação? Foram enviados quase 100 médicos, mais o dobro de pessoal de apoio e pelotão para garantir a segurança.


Enfim, é nítido que o professor faz parte de um time formado por gente como certos jornalistas, certos professores de geografia e certos fumadores de maconha que tem implicância ou rabo preso com as forças armadas e polícias, só que não entende que assim sendo, tem implicância com a pátria. Somos brasileiros. Sou totalmente contra o nacionalismo exacerbado, pois é prejudicial. Há muitas coisas erradas no Brasil, nas forças armadas, polícias e tudo o mais e sobre isso devemos cobrar soluções daqueles que elegemos, mas falar mal só por falar mostra o puro complexo de inferioridade e diminuição frente ao que é estrangeiro, e isso é pisar no próprio pé, é dar tapa na própria cara e rir disso. Como disse, o Brasil teve uma participação módica na I Guerra (o que fui superado devido a SENSACIONAL campanha na II Guerra), mas nada mal para um país que vendia café apenas...


Lamentavelmente, no vídeo, vários jovens na sala de aula tiveram uma versão intencionalmente deturpada e pejorativa da participação brasileira na I Guerra...


Que bom que vocês não.