segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Noite Sem Amanhã


Não acredito em destino. Acredito que a vida é construída por escolhas e que a cada decisão tomada, por menor que seja, escrevemos o destino com nossa própria letra. Isso é acreditar no poder da causa e consequência/ação e reação e no livre arbítrio dado por Deus, incondicionalmente.

A complexidade das situações em que a vida nos coloca, às vezes nos faz tomar decisões repentinas, e possivelmente decisões para as quais ainda não estamos preparados. Quantas vezes em nossos caminhos nós demos um passo em falso? O erro é da natureza do homem.

O problema é quando negligenciamos este fato, o fato de sermos falhos. Quando não reconhecemos que podemos ter tomado a atitude errada, erramos de novo e criamos daí um novo ciclo de erros. Eu já me arrependi de algumas coisas que fiz. Apesar disso, entendo que nesses momentos de arrependimento, se julguei que cometi um erro, procuro extrair dele a parte benéfica, a lição para que assim não erre novamente. Por isso não entendo como alguém diz que “nunca se arrepende de nada”, como se fosse perfeito em suas atitudes.

Negligenciar, persistindo num erro é o tipo de comportamento de quem se alimenta da dor, que é ausente de auto-análise e que não percebe como suas atitudes causam mal a si e possivelmente a outros. Não entendem que o perdão é válido e se dará pela nobreza quando se perceber que o arrependimento é verdadeiro e a tempo. Na sua negligência, essas pessoas se acharam no direito de continuar errando e magoando outras pessoas, independentemente das conseqüências e do preço a ser pago.

Um dia a pessoa que nutre/nutriu esse comportamento acorda, se olha no espelho e a verdade derrama sobre os olhos, ali e de repente, inegável e dura demais pra ser tragada. Talvez seja nesse momento que a pessoa pense no outro que foi prejudicado e se coloque em seus sapatos. Ainda há tempo? Algo pode ser feito?

Pedir perdão. Não se trata mais de reparar o erro, mas sim da necessidade de aliviar a própria culpa e obter um perdão tardio e eficaz de forma unilateral, como alívio. Curiosamente esta é a hora em que a pessoa que sofreu as ações diretas desse(s) erro(s) está ali, na confortável posição de perdoar ou não, com o dedo no gatilho, apontando a arma da sua justiça para a pessoa que outrora foi seu injusto algoz e que agora está de joelhos, corroído pela culpa, num estado vazio, impotente em sua espera de ser julgado.

Uns apertariam o gatilho, outros perdoariam e talvez assim alterassem o curso de suas vidas, mas pra mim não. Minha aposta já estava feita e sabia que cedo ou tarde eu veria essa cena... eu ali, com o dedo no gatilho e todo o resto.

Confesso que antes disso acontecer de fato, visualizei por várias vezes o disparo, cruel e cheio de mágoas e lágrimas, mas para a minha própria surpresa, prefiro não apertar o gatilho nem dar o falso perdão. Apenas me viro e vou embora, indiferente, pois já não me importa muito, e apesar de agir sem maldade, lamentavelmente imputo ainda mais a essa pessoa essa condição, esse estado irreparável de vazio imenso.

Vazio como a noite sem um amanhã.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Questão de Bom Senso (Powered by Niquitin 21 mg)


Well, well... 2008 foi pelo ralo e nas entrecoxas das festas de fim de ano decidi algumas coisas, como fazer muitos drinks, queimar a mão e parar de fumar.

- "Corta, corta. Você parar de fumar? Assim não fica verdadeiro, Thiago.", diria o diretor, caso minha vida fosse um filme.

Um aviso: Parar de fumar é foda de ruim/difícil. Aliás, isso é que deveria vir no verso da embalagem. E eu meio que decidi que queria fazer isso não sei porque (ok sei, é o motivo de sempre, mas to com preguiça de escrever sobre).

Aí com essa resolução de fim de ano lembrei porque diabos resolvi ter um blog: Só pra poder anexar aqui um contador online de cigarros não fumados, que também conta o quanto economizei e o quanto ganhei de saúde; e o melhor: isso é mostrado graficamente, em barrinhas verdes bem atrativas.

Ainda não consegui pregar essa desgraça aqui pucausa de poblema com HTML. Prometo que muitíssimo em breve ele estará aqui pra que todos possam acompanhar esses preciosos dados comigo como se fosse a apuração das escolas de samba.


- Niquitin... (pausa dramática) DEZ (Geral batuca)
- Unidos do Monóxido de Carbono - SETE E MEIO... porcento (porradaria e xingamento sério na arquibancada)

E por aí vai.

Descobri que ao longo do tempo, fui atribuindo ao cigarro diversas outras funções, além da original de sair fumaça/detonar minha vida: Pra me aliviar de raiva, estresse; como companhia, como parceiro de trabalho e elemento de diversão. Isso porque eu FUMAVA muito, e na verdade associava o cigarro a uma grande variedade de situações - tantas que agora é que percebo como ele se fazia presente. Sem contar quantas vezes acendi um cigarro "por nada" - o que chamo de cigarrinho sem motivo.

Fumar é uma desgraça por um simples motivo: Porque as pessoas não tem a MENOR NOÇÃO do que é SER viciado de verdade em algo, porque se soubessem, de fato nunca teriam acendido o primeiro. Se assim ainda o fizessem, aí sim mereciam todas as mazelas da linda fumaça azulada.

Fumar é ruim? Não, é ótimo e delicioso. Só que o preço que se paga é muito, MUITO alto. Então o cigarro é algo que deve ser evitado, assim como a cocaína, heroína, ecstasy e todas as drogas, porque elas também devem dar um prazer enorme... a preços infinitamente maiores. Só não entendo porque não fazem um cigarro que não faça mal, sem Nicotina e toda a podridão, algo como a cerveja sem álcool. Bem parecida com a original, mas sem fazer mal.

Pois bem, comecei a briga no dia 5 de Janeiro. Vontade forte de fumar e tal.. adesivo na veia, melhor, na pele, e rumbora...

No terceiro dia estava tão deprimido que fiquei doente, literalmente. Amigdalite: Meus ossos doíam, meu olhos doíam, dor mortal nas costas, dor no corpo inteiro, dor de garganta infernal e tive uma febre que imagino que seja tipo daquelas que se sente na floresta amazônica quando algo dá errado. Nada que um dia de passeio no Barra Dor (com 2 horas de espera na emergência) nao resolvesse. De bônus arrumei um torcicolo surpresa que persiste até agora, e com 4 dias doente, perdi 4 quilos.

Hoje estou entrando na minha segunda semana QUASE sem fumar. Se fumei 5 cigarros, divididos em traguinhos aliviantes, em 8 dias, foi muito. Pode ser um número meio decepcionante, afinal a bula do adesivo diz pra não fumar nada, mas pensando bem, até que não é tão mal, já que 5 cigarros eu fumava em 35-50 minutos, por aí.

Vou tomar o BUP ou Zyban, sei lá, assim que conseguir encaixe na agenda do psiquiatra (É até divertido ver a expressão das pessoas quando você diz que vai ao psiquiatra) e espero dar tchau de vez pro pirulito do capeta.

O "giz" ainda me dá prazer, é fato, mas finalmente cansei de ser domesticado por esse cara e agora quem dá as cartas sou eu. Eu faço as regras e os horários em que me permito desfrutar das doses de sua amarga companhia cancerígena, até o dia em que não precisar mais dele.

Agora o que me interessa é que, no dia em que chegar a minha hora, no dia em que eu encontrar O Mestre, se um último pensamento me ocorrer e se por qualquer motivo esse último pensamento for um filminho do comercial do Free, após o cara dizer "Free: Questão de bom senso", antes de meus olhos se lacrarem, poderei dizer mentalmente:


- Free é a puta que te pariu.